Conflito em Gaza: impasse nas negociações e movimentação internacional para enfraquecer Hamas

Negociações em Doha fracassam, enquanto operação militar israelense avança e potências regionais buscam alternativa para desarmar o Hamas

Por Miguel Nicolaevsky | Atualizado em 22 de maio de 2025

As esperanças de um avanço nas negociações para a devolução de reféns e cessar-fogo na Faixa de Gaza voltaram a se frustrar nesta semana. Após intensas conversas realizadas em Doha, mediadas por representantes americanos e regionais, Israel decidiu retirar sua delegação da capital do Catar diante da recusa do Hamas em aceitar a proposta apresentada pelos Estados Unidos.

Uma fonte oficial israelense explicou que a decisão se deu pela postura inflexível do grupo terrorista, que mantém suas exigências e não respondeu favoravelmente à oferta aceita por Israel. Segundo o informante, o Hamas insiste em garantias americanas para o fim da guerra e na exigência de que o enviado especial do governo dos EUA para o Oriente Médio, Steve Witkoff, assine pessoalmente o acordo. Além disso, o grupo condiciona o encerramento das hostilidades a uma resolução oficial do Conselho de Segurança da ONU — um ponto considerado inaceitável por Israel.

Diante do impasse, todos os representantes israelenses que permaneciam em Doha, incluindo membros do Mossad, retornaram a Israel. Os chefes da delegação já haviam deixado o país anteriormente.

França e Arábia Saudita articulam novo plano diplomático para enfraquecer o Hamas

Em meio ao colapso das negociações formais, França e Arábia Saudita trabalham discretamente em uma proposta alternativa que visa desarmar o Hamas e pavimentar o caminho para seu desmantelamento. Segundo informações divulgadas pela Bloomberg, autoridades sauditas já estabeleceram contatos diretos com representantes do Hamas para discutir a possibilidade de transformar a organização em uma entidade estritamente política.

De acordo com fontes envolvidas, a proposta considera permitir que o grupo mantenha algum grau de influência no futuro governo palestino, aumentando assim as chances de um acordo de desarmamento voluntário. A movimentação franco-saudita surge como tentativa de neutralizar o braço armado do Hamas e reduzir sua capacidade bélica, enquanto se busca preservar certa representatividade política palestina na região.

Operações militares prosseguem na Faixa de Gaza

Enquanto as conversas diplomáticas enfrentam dificuldades, as Forças de Defesa de Israel (IDF) seguem com suas operações militares na Faixa de Gaza. Segundo comunicado oficial do porta-voz militar, unidades da Divisão 98 eliminaram dezenas de combatentes terroristas e destruíram aproximadamente 200 infraestruturas pertencentes ao Hamas e a outros grupos armados.

Entre os alvos neutralizados estavam complexos de combate, postos de observação, túneis e depósitos de armamentos. Além disso, centenas de ataques aéreos foram realizados, atingindo posições estratégicas e instalações usadas para armazenamento de armas.

Conclusão

O atual cenário no conflito entre Israel e Hamas reafirma o quão desafiador é alcançar uma solução política e humanitária para a crise na Faixa de Gaza. A rigidez das exigências de ambas as partes bloqueia as negociações, enquanto as ações militares seguem impondo perdas significativas à infraestrutura terrorista na região.

A proposta articulada por França e Arábia Saudita, embora ainda em fase inicial, representa um possível novo caminho para a diplomacia internacional, tentando reconfigurar o papel do Hamas no panorama político palestino. Resta saber se esse esforço será suficiente para romper com décadas de hostilidades e abrir espaço para um acordo sustentável, tanto para os interesses israelenses quanto para as demandas da população palestina.

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