Exército Libanês Assume um Papel Mais Ativo sob Pressão Internacional

Mudanças no Sul do Líbano: O Exército Libanês Assume um Papel Mais Ativo sob Pressão Internacional

Nos últimos meses, o cenário no sul do Líbano tem passado por transformações discretas, mas significativas, à medida que o Exército Libanês vem se envolvendo de forma mais direta na neutralização de posições e arsenais do Hezbollah próximos à fronteira com Israel. Esse movimento, incentivado e supervisionado de perto pelos Estados Unidos e acompanhado por vigilância aérea israelense, marca uma mudança relevante na postura tradicionalmente passiva das forças armadas libanesas diante da presença do grupo xiita.

Desde o início das hostilidades em outubro de 2023, diversas localidades na faixa de fronteira, antes controladas quase exclusivamente por militantes do Hezbollah, passaram a receber patrulhas mais frequentes e intervenções pontuais do Exército Libanês. Essas operações, que antes pareciam improváveis, hoje ocorrem quase diariamente, segundo relatos de oficiais israelenses. Depósitos de armas, lançadores de foguetes e pontos de observação clandestinos são localizados, e em muitos casos destruídos pelos próprios soldados libaneses, após receberem coordenadas repassadas via canais americanos.

“Antes da guerra, seria impensável imaginar o Exército Libanês destruindo infraestrutura do Hezbollah”, afirmou um oficial do comando israelense, destacando que o exército vizinho, embora limitado por restrições políticas internas e pela influência do Hezbollah no governo de Beirute, passou a agir mais abertamente em resposta a pressões diplomáticas e militares.

Apesar dessa nova postura, o ambiente no sul do Líbano segue tenso e complexo. Muitos vilarejos próximos à fronteira permanecem sem serviços básicos como eletricidade e água, e seus antigos moradores, muitos dos quais militantes ou simpatizantes do Hezbollah, circulam pela região desarmados e com cautela. A movimentação de civis e combatentes é constantemente monitorada por drones e postos de observação, enquanto as tropas israelenses mantêm posições avançadas em território libanês, desmantelando rotas e caminhos que poderiam ser utilizados em futuros ataques.

O próprio Hezbollah, embora enfraquecido por perdas recentes de comandantes e posições estratégicas, não abandonou a região nem sua capacidade de lançar ofensivas pontuais. A liderança do grupo parece ciente de que a margem de manobra diminuiu, e que parte daquilo que antes era considerado seu reduto seguro está agora sob vigilância hostil e suscetível a operações do próprio Exército Libanês.

Essa realidade impôs uma nova dinâmica à linha de cessar-fogo mediada pelos Estados Unidos. Israel insiste na manutenção de uma faixa de segurança livre de ameaças imediatas num raio de aproximadamente cinco quilômetros a partir da fronteira. E, diferentemente de anos anteriores, o governo libanês — pressionado pela comunidade internacional e pela deterioração interna — tem permitido, e por vezes ordenado, ações militares limitadas contra elementos armados não-estatais.

Essa situação, no entanto, é delicada. Por um lado, o Líbano permanece um Estado soberano, o que impõe limitações às operações militares de Israel além da fronteira, mas por outro, a incapacidade de Beirute em controlar efetivamente o Hezbollah há anos vinha sendo um dos fatores de instabilidade na região. Agora, com o fortalecimento da fiscalização internacional e a colaboração intermitente do Exército Libanês, abre-se uma janela, ainda que frágil, para reduzir o nível de ameaça na área.

Analistas militares e diplomáticos ponderam que o verdadeiro teste dessa nova fase será a continuidade dessas ações ao longo do verão e a capacidade do Exército Libanês de manter sua atuação sem recuar diante de pressões políticas internas ou de retaliações do Hezbollah. O equilíbrio é precário e qualquer escalada pode desfazer rapidamente os progressos obtidos.

Enquanto isso, os esforços israelenses continuam focados em garantir que nenhuma infraestrutura hostil se reinstale nas proximidades da fronteira, e em manter aberta a via diplomática para que o governo libanês, ainda que fragilizado, participe do esforço de estabilização.

Fonte: Porta-voz da IDF, IsraelHayom e YnetNews

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