Lag BaOmer: A festa da Cabala, da mentira, da idolatria e dos incêndios

Por Miguel Nicolaevsky


Introdução

Lag BaOmer é uma festa judaica pouco conhecida fora de Israel e dos círculos judaicos, mas que ocupa um lugar especial dentro do judaísmo místico, em especial ortodoxos, e ultra-ortodoxo, sobretudo entre os seguidores da Cabala. Esta festa é celebrada no 33º dia da Contagem do Ômer, entre Pessach (Páscoa) e Shavuot (Pentecostes). Esta tristeza de festa é marcada por fogueiras, peregrinações para Meron e rituais místicos que, sendo analisados à luz da Palavra de Deus, se assemelha perigosamente com a idolatria e de práticas ocultistas que são totalmente condenadas na Torá.

Este artigo intenciona revelar mostrar claramente a origem dessa festa pagã do Judaísmo, a figura de Rabi Shimon bar Yochai — considerado o fundador da Cabala —, o papel de Rabi Akiva como falso profeta e revelador de um falso messias, Bar Kokhba. Além dos símbolos místicos e rituais nessa tradição, sempre confrontando com os princípios bíblicos.


O Que é Lag BaOmer?

A palavra Lag (ל״ג) é uma referência ao número 33 em hebraico (Lamed = 30, Guimel = 3) e BaOmer (בעומר) significa “no Ômer”, referindo-se ao 33º dia da contagem de 49 dias entre Pessach e Shavuot (Levítico 23:15-16).

Enquanto a Bíblia estabelece a contagem do Ômer como um tempo de consagração e santificação do povo, na expectativa da entrega da Torá durante a Festa de Shavuot, ou seja, Pentecostes, a tradição rabínica criou narrativas e costumes em torno do 33º dia que não aparecem nas Escrituras, muito pelo contrário, ferem importantes princípios bíblicos.


Quem Foi Shimon Bar Yochai?

Rabi Shimon bar Yochai (רבי שמעון בר יוחאי), foi conhecido rabino do período mishnaico(equivale o período bizantino no judaísmo), chamado também de Rashbi, considerado por muitos como um sábio judeu do século II DC., discípulo direto de Rabi Akiva. Segundo a tradição judaica cabalística, ele teria se escondido numa caverna por 13 anos, onde recebeu revelações místicas diretamente de Deus e escreveu o Zôhar (זהר) — a principal obra da Cabala. Parece que o mito de Mohammad seguiu este mito judaico na formação do Corão.

O Zôhar, contudo, só apareceu publicamente no século XIII pelas mãos de Moshé de León, e sua autoria foi atribuída a Bar Yochai. Por causa disso, 11 séculos de diferença, sua autoria é historicamente contestada. Ainda assim, Rashbi se tornou uma figura quase messiânica dentro do judaísmo místico, e é extremamente venerado até os dias de hoje, principalmente em Israel.


Rabi Akiva: O Falso Profeta e Bar Kokhba, o Falso Messias

Para compreender as origens espirituais distorcidas desse período, é necessário falar um pouco sobre Rabi Akiva — um dos nomes mais influentes e controversos do judaísmo antigo.

No início do século II DC, após a destruição do Segundo Templo (70 d.C.), o povo judeu estava em busca desesperada por um novo líder que restaurasse o reino de Israel e reconstruísse o Templo. Foi nesse contexto que o Rabi Akiva declarou publicamente que Shimon ben Kosiba, conhecido como Bar Kokhba (“Filho da Estrela”, alusão a Números 24:17), era o Messias judeu.

Rabi Akiva, que era considerado um respeitado mestre da Torah, se tornou o principal mentor espiritual da Segunda Grande Revolta Judaica contra Roma (132-135 d.C.), convencendo milhares de judeus a seguir Bar Kokhba como libertador. A revolta foi um fracasso total. Milhares de pessoas morreram em vão por uma falso profeta e um falso messias.

Bar Kokhba se revelou um líder totalmente tirano, executando judeus que se recusavam a reconhecê-lo como Messias, ele massacrou até mesmo os seguidores de Yeshua (Jesus), que não aceitavam outro Messias além do verdadeiro.

A revolta contra Roma foi um desastre total, uma vergonha para o povo judeu. Centenas de cidades foram destruídas, centenas de milhares de judeus foram assassinados e Jerusalém foi punida, sendo transformada em cidade pagã (Aelia Capitolina) pelos romanos a mando do Imperador Adriano. O povo de Israel quase foi exterminado e proibido de habitar sua própria terra. A terra de Israel foi renomeada como Palestina para tirar a conexão dela com o Povo Judeu.

Rabi Akiva, que havia falsamente ungido Bar Kokhba como Messias e incitado o povo à guerra, morreu executado pelos próprios romanos. Seu erro profético e messiânico deixou marcas profundas no judaísmo rabínico, que passou a valorizar cada vez mais o misticismo e as tradições humanas como forma de manter sua identidade em diáspora. Foi neste período que foi criada a oração 18, para afastar os judeus messiânicos das sinagogas e rejeitar de forma definitiva a menção de Yeshua em suas reuniões e cultos.

Infelizmente, foi nesse cenário de perseguição, frustração messiânica e desespero espiritual que as bases do misticismo cabalístico, mais um aproveitador, usado por Satanás, a figura de Rashbi como “justo místico” ganhou força. Afinal de contas, quando você não quer buscar arrependimento sincero e vida em santificação, é mais fácil reconhecer ao misticismo a ao falso conhecimento para garantir uma mente cauterizada contra o reconhecimento de seus pecados.


O Culto de Lag BaOmer e as Fogueiras

Segundo os místicos, a tradição de acender fogueiras enormes durante a noite de Lag BaOmer está ligada à ideia de que, ao morrer, a alma do Rashbi teria se “elevado” em meio a uma grande luz espiritual (or haganuz, “luz oculta”). Sim, meus caros, é muito triste a cegueira espiritual do povo de Israel.

Por este motivo, dezenas de milhares de judeus ortodoxos, especialmente cabalistas, peregrinam todos os anos ao túmulo de Rashbi no Monte Meron, na Alta Galileia. Lá eles acendem fogueiras e dançam em torno delas — práticas que lembram rituais pagãos antigos, como os de Beltane, na tradição celta, ou as cerimônias de Baal dos cananeus.


A Idolatria Disfarçada de Tradição

Ao atribuir poderes místicos aos rabinos, mas neste caso, em especial ao Rashbi, rezando em seu túmulo e realizando atos simbólicos como raspar a cabeça de crianças de três anos (chalaké) no local, os seguidores da Cabala transgridem diretamente o que está escrito na Torah:

“Não vos virareis para os ídolos, nem vos fareis deuses de fundição.”
Levítico 19:4

E mais:

“Entre ti se não achará quem faça passar pelo fogo o seu filho ou a sua filha, nem adivinhador, nem prognosticador, nem agoureiro, nem feiticeiro.”
Deuteronômio 18:10

O culto em torno da figura do Rashbi ultrapassa a veneração e se torna idolatria, culto aos mortos, e ele é questionado também pelos judeus mais moderados — esta é uma substituição da fé no Eterno pela fé em poderes ocultos e homens mortos como intermediários.


A Cabala e o Ocultismo Judaico

A Cabala é uma ramificação do judaísmo com um sistema esotérico que tem como base, revelar os mistérios de Deus e do universo por meio de combinações de letras hebraicas, números (guematria) e interpretações alegóricas da Torá. Mas que não tem fundamento doutrinário e respaldo nenhum na própria Torah.

Infelizmente, seu foco não é a obediência à Palavra revelada, mas a busca de poderes espirituais e conhecimentos secretos, o que é condenado pela Torah. Práticas como sefirot, meditações místicas e invocações dos anjos, são comuns nesta ramificação judaica. Desta forma, estas se proximam de práticas condenadas por Deus:

“Quando vos disserem: Consultai os que têm espíritos familiares e os adivinhadores, que chilreiam e murmuram entre dentes; porventura não consultará um povo ao seu Deus?”
Isaías 8:19

A Cabala — embora travestida de judaísmo — é um misticismo gnóstico que tenta manipular o mundo espiritual. Infelizmente, tem muitos crentes em Yeshua buscando este conhecimento que é abominável diante de Deus.


Os Incêndios de Lag BaOmer

Além do aspecto espiritual controverso, os incêndios durante a festa de de Lag BaOmer têm causado tragédias recorrentes. Neste período costuma haver ondas de calor devido as estações de passagens, no final da primavera pode haver Hamissim, um vento quente vindo do deserto da Arábia ou do Saara.
Em 2021, pasmem, 45 pessoas morreram esmagadas e mais de 150 ficaram feridas em Meron devido a um tumulto em meio às celebrações. Todos os anos, centenas de pessoas se ferem ou morrem acidentes, em fogueiras mal controladas ou em tumultos em torno delas.

Essa obsessão por fogo, em especial neste ritual religioso nos lembra os cultos antigos de Moloque e Baal, onde crianças eram queimadas em sacrifício e fogueiras que eram acesas para deuses pagãos — estas práticas são expressamente condenadas pela Palavra de Deus.


Conclusão

O Lag BaOmer, tal como é praticado hoje, é uma tradição humana, impregnada de misticismo, idolatria e práticas ocultistas. Jamais deveria ser praticada dentro do contexto do Povo de Israel.
Embora muitas pessoas acreditem celebrar a luz espiritual de forma inocente, estão, na verdade, participando de cerimônias que remontam aos tempos de apostasia de Israel, quando se misturavam a adoração ao Eterno com rituais pagãos. Muitos apenas vão por causa das fogueiras e das batatas assadas durante a noite da festividade, e não tem a menor noção do que estão fazendo.

A grande tragédia espiritual e nacional que veio sobre Israel na revolta de Bar Kokhba é uma advertência severa contra falsos messias e falsos profetas. Como servos do Deus de Israel, somos chamados a rejeitar tradições humanas que contradizem totalmente a Palavra de Deus, devemos permanecer firmes na adoração única e exclusiva ao Senhor:

“Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor.”
Deuteronômio 6:4

E mais:

“Não acrescentareis à palavra que vos mando, nem diminuireis dela, para que guardeis os mandamentos do Senhor vosso Deus que eu vos mando.”
Deuteronômio 4:2


Referências

  • Talmude Babilônico, Shabat 33b
  • Talmude, Sanhedrin 93b
  • Zôhar, Parte I, Introdução
  • Deuteronômio 18:9-14
  • Levítico 19:4
  • Isaías 8:19
  • Deuteronômio 6:4
  • Deuteronômio 4:2
  • Relatórios oficiais sobre o desastre de Meron, 2021
  • Eusébio de Cesareia, História Eclesiástica, Livro IV

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