Sauditas recuam das negociações com Israel

Conforme alertei desde o inicio das conversações, nenhum acordo teria continuidade no momento em que as condições impostas viessem a luz. Segundo os meios de comunicação árabes, como sempre, a culpa é de Israel. Mas acredito que os sauditas também são responsáveis pelo fracasso. Pois as exigências deles para reconhecimento de um Estado Palestinos e Jerusalém como capital, não sairiam das mesas de negociação.

O jornalista Majdi Halbi relata esta manhã (domingo) no site saudita “Ilaf” que a Arábia Saudita pediu para suspender as negociações de normalização com Israel, de acordo com um alto funcionário do gabinete de Netanyahu.

Segundo o relatório, o responsável israelita afirmou que a razão para isto é a oposição de responsáveis-chave do governo de Netanyahu a qualquer gesto em relação aos palestinianos. Isto, além da aceitação por parte de Netanyahu das exigências de Otzma Yehudit e do sionismo religioso. Segundo a fonte, isto impede qualquer possibilidade de aproximação com os palestinos e, portanto, também com os sauditas.

Além disso, fontes americanas disseram a “Elaf” que a Arábia Saudita trouxe os palestinianos para as discussões de uma forma informada, e isto para levar ao traçado da fronteira do Estado palestiniano.

De acordo com o relato, um alto funcionário israelense confirmou que os EUA informaram Israel sobre a decisão da Arábia Saudita de interromper todas as discussões com os americanos sobre a questão da normalização ou de tomar qualquer passo em direção a Israel, já que a liderança israelense está envergonhada.

Sendo assim, deve-se notar que os sauditas enfatizaram o tempo todo que as medidas de normalização em relação a eles estariam condicionadas a medidas em direção aos palestinos, e que para eles “há tempo” para um acordo com Israel. Os sauditas estavam conscientes da composição do governo em Israel e das dificuldades enfrentadas pelas suas exigências.

No entanto, pode haver uma ambição entre os sauditas de aproveitar a janela de oportunidade do mandato do presidente dos EUA, Joe Biden, para obter garantias de segurança e assistência num projecto nuclear civil.

Mais uma vez, podemos compreender, que não basta querer paz ou iniciarem negociações. Ambos os lados precisam estar dispostos a abrir mão de valores muito importantes. Os palestinos não tem absolutamente nada a oferecer para os israelenses. Por outro lado, os israelenses já cansaram de ceder e continuar recebendo terrorismo em troca.

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